quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Action Française

0 comments
 

"Da ligação entre Maurras, Pujo e Henry Vaugeois, nascia em 1899 a Action Française. Vaugeois e Pujo eram nacionalistas vindos da esquerda e republicanos. Maurras converteu-os à monarquia. Nos anos seguintes, o historiador Jacques Bainville, Léon Daudet (filho de Alphonse Daudet) e Louis Dimier, católico e historiador de arte, juntaram-se ao trio. Estava constituído o núcleo fundacional da Action Française.
O clima apaixonado do Affaire [Dreyfus] ajudou-os a tornar conhecidas as suas ideias e a recrutar seguidores nas elites sociais e universitárias. A Action Française nunca chegaria a ser um movimento de massas, mas com um centro de estudos e, mais tarde, um jornal diário, tornou-se um viveiro de quadros e talentos políticos. Dirigido por Léon Daudet, o jornal L'Action Française veio conferir ao movimento um tom de combate quotidiano. No mesmo tom, mas numa acepção mais literal, surgiram os Camelots du Roi, um «serviço de ordem», dirigido por Pujo, que atacava fisicamente os inimigos políticos, em grandes rixas e tumultos que agitaram o Quartier Latin.
(...) Até estalar a guerra em 1914, os dirigentes da AF coordenaram os vários tipos de actividade — o jornal, o centro de estudos, o movimento político, o serviço de ordem — consolidando uma força que trabalhou uma doutrina política alternativa ao liberalismo instituído e ao socialismo nascente.
É em nome de «Déesse France» — como Maurras gostava de chamar à sua pátria, repetindo André Chénier — que o pensador nacionalista defende a monarquia como regime mais adequado para servir o interesse nacional e preservar a unidade e a integridade da nação. A partir daí, elaborou toda uma teoria para combater o socialismo e o marxismo: desde a apologia do Exército e do serviço militar, até soluções corporativas e de harmonia de classes.
Mas ao desenvolverem uma teoria política integral — anti-individualista, antiliberal, anti-igualitária e contra-revolucionária —, Maurras e os nacionalistas franceses estavam a criar um modelo adaptável a outros países e sociedades dominados pela esquerda democrática e republicana e defrontando os mesmos problemas. E as ideias e as contra-ideias não conhecem fronteiras."

Jaime Nogueira Pinto
in "Nobre Povo — Os Anos da República", A Esfera dos Livros, 2010.

Sem comentários:

Enviar um comentário

 
© 2013. Design by Main-Blogger - Blogger Template and Blogging Stuff